terça-feira, 28 de julho de 2009

Ultimo vôo.

Era apenas mais um. Nunca foi grande coisa – e nunca será. Possui poucos amigos, uma vida monótona e bipolar, seu humor não é constante, não possui ambições nem mesmo uma crença, não consegue mais amar – e não o quer, tem medo. Não possui nada que o pudesse prender a vida. É solitário, já voara por todas as barreiras da sociedade, era um pássaro, que hoje passa seus últimos dias sentado, quieto, em sua gaiola, em seu mundo. Nunca quis ser quem é. Buscara antes ajuda – não foi compreendido, fora ignorado. Continuamente era humilhado, já não possuía auto-estima. Quando precisou de um forte e amigável abraço, de uma simples frase: “tudo vai acabar bem”, de um ombro, onde enfim pudesse afogar suas mágoas em meio ao seu pranto, seus amigos riram, e fingiram que nada havia acontecido.

Enfim, hoje decidira, iria voar longe, seu maior sonho agora próximo de si, iria cruzar novamente suas barreiras, quebrar seus meridianos, viajar em tempo-espaço, sem nunca olhar para trás. Sem mesmo saber aonde iria pousar. Chegou a sonhar com sua amada, que ao fim de seu caminho, o esperava com um terno sorriso, num horizonte não muito distante de si.

Chegou na batente da janela, suas asas já abertas, batiam no vento, seus olhos brilhavam ao olhar ao imenso e puro céu. Já não ouvia mais o som atordoante da cidade, já não via o ódio e a falta de compreensão da sociedade. Enfim voltara a sem quem queria ser, sentira a real força do vento, que por seu corpo atravessava, sem deixar um só defeito. Purificava sua alma. O preparando para encontrar, agora, sua liberdade, seu amor.

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